Concha y Toro

Francisca Jara 28/06/2024

Tudo sobre vinho

A arte dos vinhos de corte

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Um vinho que é misturado com outros para ficar melhor ou mais completo é o que chamamos de vinho de corte ou assemblage. Este processo pode ser feito de diferentes formas e, por isso, requer um especialista. Talvez seja novidade para você, mas a grande maioria dos vinhos é um blend. 

Apesar de estarmos acostumados a encontrar blends de variedades diferentes, na verdade os vinhos de corte podem variar conforme a decisão do enólogo. É possível misturar vinhos da mesma variedade de uva, mostos antes da fermentação, vinhos provenientes de diferentes vinhedos, de regiões diferentes e, inclusive, de diferentes safras –como é o caso do famoso champagne. Tudo depende do objetivo. Um deles pode ser complementar a qualidade do vinho e deixá-lo mais complexo, isto é, para que o vinho final seja muito melhor que as partes individuais que o compõem. E o outro objetivo pode ser uniformizar e manter uma constância no estilo do vinho, pois devido às condições do clima as características da uva mudam de um ano para outro. Isto quer dizer que, independentemente da safra, o vinho terá características similares todos os anos. 

Este processo pode parecer fácil, mas não é. De fato, são necessárias muitas análises de acidez, pH e açúcar, além de várias degustações antes de chegar à “receita final”. Isto é parecido com o trabalho de um cozinheiro depois de ele ter escolhido os ingredientes para criar um prato. Toda uma arte que os enólogos conseguem dominar após anos de experiência. Por isso, na elaboração dos assemblages, as vinícolas podem requerer assessores externos. 

Às vezes, os vinhos varietais são uma mistura de vinhos elaborados com a mesma casta, provenientes de diferentes vinhedos. Mas aqui estamos nos referindo aos blends, que são vinhos que combinam pelo menos duas variedades de uva, sendo que cada variedade confere um atributo especial ao assemblage com a finalidade de se obter um vinho redondo e agradável de beber, com personalidade e complexidade. 

Os cortes mais comuns 

A forte influência da técnica e experiencia vitivinícola francesa marcou o estilo dos vinhos a nível mundial. Um caso concreto e frequentemente encontrado são os cortes tintos bordaleses, que geralmente combinam Cabernet Sauvignon, Merlot ou Cabernet Franc como vinho base com um poco de Malbec, Petit Verdot ou, às vezes, Carménère. 

Enquanto o Cabernet Sauvignon confere um vinho robusto, longo, com notas de pimenta e frutas negras, o Merlot é percebido no meio do palato, com mais frutas vermelhas. Já o Cabernet Franc proporciona taninos no começo, que vão desaparecendo e dando lugar a frutas vermelhas suculentas e a notas herbáceas. Assim, o enólogo decidirá quais castas usar e, depois, como complementá-las. Por exemplo, o Malbec confere frutas negras que realçam o perfil frutado de um Cabernet, e o Petit Verdot proporciona acidez e taninos firmes. 

Outros cortes tintos populares no mundo todo são os Côtes-du-Rhône (ou GSM, com as iniciais das variedades Grenache, Syrah e Mourvèdre), os supertoscanos (cortes à base de Sangiovese com Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Merlot) e os cortes bordaleses brancos (à base de Sauvignon Blanc, Sémillon e Sauvignon Gris ou Muscadelle). 

Os vinhos de Jerez, por exemplo, utilizam um sistema complexo de cortes fracionados que são inseridos em barricas, e cujo resultado é um vinho que contém muitas safras que remontam a várias décadas ou séculos. 

Na Argentina, o famoso Malbec costuma ser misturado com Cabernet Sauvignon para se obter um vinho mais completo e complexo. 

Como você pode ver, as possibilidades são quase infinitas. Tudo depende do que o enólogo quer obter. É ele que realizará diferentes combinações que, em geral, vão repousar um tempo antes de serem avaliadas novamente e de ele estabelecer o corte final. Depois, os vinhos individuais de cada barrica serão misturados em um tanque de aço inoxidável e poderiam estagiar novamente antes de serem engarrafados. 

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