Tecendo Patrimônio Vivo: Artesãs de Rari dão vida ao borboletário do Centro del Vino Concha y Toro

22 de August de 2025

Tecendo Patrimônio Vivo: Artesãs de Rari dão vida ao borboletário do Centro del Vino Concha y Toro

No coração de Pirque, a Plaza Concha y Toro do Centro del Vino se transforma em um ponto de encontro entre arte, história e natureza. Nesse cenário, a icônica Bodega Concha y Toro –um galpão de armazenamento do século XIX, construído com madeiras nativas e trasladado do sul do Chile peça por peça ergue-se como um símbolo de contemplação e preservação da riqueza cultural do país. 

Como parte de seu propósito de valorizar o patrimônio cultural chileno, o Centro del Vino Concha y Toro inaugura seu ciclo de exposições com uma obra emocionante: um borboletário tecido em crina -cabelo de cauda de cavalo- por 16 mulheres artesãs de Rari, na região do Maule. A instalação, formada por um disco de quatro metros de diâmetro sustentando mais de 1.300 borboletas feitas à mão, evoca o voo migratório da espécie Vanessa carye, conhecida como “Mariposa de la Tarde” ou “Mariposa Colorada”. 

Hospedada no espaço icônico da Bodega Concha y Toro, a obra não apenas embeleza o lugar, mas também presta homenagem a um ofício único no mundo, transmitido de geração em geração pelas mulheres de Rari. Reconhecidas como “Tesouro Humano Vivo” pela UNESCO (2010) e distinguidas pelo World Crafts Council ao declarar Rari “Cidade Artesã do Mundo” (2015), essas artesãs mantêm vivo um saber ancestral que hoje corre risco de desaparecer. A instalação busca justamente valorizar essa tradição, conectando-a ao ambiente natural e à experiência sensorial oferecida pelo novo Centro del Vino Concha y Toro. 

“O trabalho em crina e a estrutura de madeira do galpão dialogam profundamente. Ambos são materiais de origem natural, frágeis e fortes ao mesmo tempo”, comenta a artista visual Josefina Guilisasti, que trabalha com artesãos de diferentes regiões do país. “Este projeto é uma homenagem às mãos habilidosas das artesãs de Rari e ao voo sublime das borboletas que habitam o Vale do Maipo”, acrescenta. 

“Esta obra é um verdadeiro tributo ao artesanato em crina. Graças a esta exposição, conseguimos dar maior visibilidade ao nosso trabalho para os centenas de turistas que visitam a vinícola diariamente. Ao mesmo tempo, o projeto teve um impacto positivo na economia de nossas famílias e tem sido uma grande motivação para continuar aprimorando e inovando nesta tradição. Nosso desejo é que o artesanato em crina seja preservado e transmitido às novas gerações, o que exige um esforço constante de transmissão e cuidado”, afirma Ruth Méndez Díaz, uma das artesãs participantes. 

A instalação é complementada por uma ambientação sonora que recria o bater das asas de milhares de borboletas e por duas telas que mostram a técnica do trabalho em crina, permitindo que os visitantes compreendam e valorizem o processo artesanal por trás de cada peça. 

A Bodega Concha y Toro -conhecida como “o galpão”- é, por si só, uma peça patrimonial: construída com madeiras nativas como carvalho, pellín, louro e olivillo, nasceu em meados do século XIX sob influência dos colonos alemães que chegaram ao Chile. Transportada de uma fazenda em Río Bueno, na província de Ranco, precisou ser desmontada em seu local de origem e depois reconstruída em Pirque, peça por peça. 

Dessa forma, a construção transforma-se em um verdadeiro espaço de preservação cultural: testemunha silenciosa de um Chile profundo -do qual a Concha y Toro foi parte esencial- e, ao mesmo tempo, palco vivo que acolhe e projeta expressões artísticas representativas do país. 

“Um dos principais objetivos da Bodega Concha y Toro é se tornar um espaço de acolhimento para a arte local e artesanal, que é a linguagem essencial de um país. Com isso, garantimos benefícios diretos a comunidades inteiras e preservamos o patrimônio cultural do Chile”, explica Josefina Guilisasti. 

“Esta bodega precisava de um elemento que agregasse maior valor cultural. A obra em crina fecha um círculo muito importante, tornando este espaço surpreendente e único”, complementa Pablo Cordua, diretor da Amercanda e responsável, junto com Sebastián Moro, pela experiência sensorial e museográfica por trás do novo centro. 

Na bodega, também foi incluída uma placa com os nomes dos 15 artesãos e carpinteiros que participaram da montagem, assim como um brasão de ferro forjado de 2,5 metros de diâmetro, realizado pelo renomado fundidor Luis Montes, que celebra os elementos do nome do fundador da vinícola, Melchor Concha y Toro. 

Dessa forma, o Centro del Vino reafirma o compromisso da Viña Concha y Toro com o patrimônio cultural chileno, ao abrir suas portas para expressões artísticas que conectam com a alma do país. Na Plaza Concha y Toro, vinho e gastronomia se entrelaçam com arte e memória, oferecendo uma experiência que honra o passado e projeta o futuro. 

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