Concha y Toro

Francisca Jara 27/07/2021

Tudo sobre vinho

A sustentabilidade no mundo do vinho

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Em função da força que a discussão sobre a sustentabilidade ganhou nos últimos anos, hoje nos referimos a ela como um movimento global. O futuro do planeta é uma preocupação urgente que está sendo tratada em vários níveis: governamental, corporativo e, é claro, pessoal. Nós, seres humanos, estamos tomando consciência de nossas ações, tornando-nos mais responsáveis na tomada de decisões. E diante deste chamado, a indústria vitivinícola não ficou para trás.

Quando dizemos que algo é sustentável, nos referimos à “qualidade de ser capaz de se manter, sem ajuda externa e sem esgotar os recursos disponíveis”, em três dimensões fundamentais: a ambiental, a econômica e a social. Aplicado à viticultura, isto se traduz em melhorias na maneira como o vinho é feito através da implementação de práticas ecológicas de produção e de manejo dos vinhedos, economicamente viáveis e comprometidas com a comunidade. Como? Por exemplo, desde o manejo do vinhedo, até a gestão de resíduos, dos recursos energéticos e do tipo de embalagem. Um conceito importante é “deixar a terra em melhores condições do que está hoje para as gerações futuras”, explica Armand Gilinsky.

Em nível global, os esforços são diversos. Organizações de diferentes países criaram suas próprias regras ou adotaram diretrizes existentes sobre sustentabilidade. Na Nova Zelândia, por exemplo, práticas de eficiência hídrica vêm sendo promovidas há uma década. Já no Chile, um item essencial tem sido a otimização da eficiência energética e do uso da água de irrigação.

Algo importante nesta transformação para uma indústria sustentável é o uso de certificações, nas quais um terceiro independente avalia se um produtor de vinho está ou não em conformidade com as normas amigáveis com o meio ambiente.

Estas são algumas das certificações que você pode encontrar hoje (cujos selos são impressos nos rótulos dos vinhos) e que podem ajudá-lo em sua decisão de compra:

  • LIVE

 Desde 1999, esta organização independente e sem fins lucrativos certifica anualmente práticas sustentáveis de produtores de vinho do Noroeste do Pacífico. Sob padrões acreditados internacionalmente e com a utilização das mais recentes pesquisas universitárias, seu trabalho se baseia em registros agrícolas de biodiversidade, risco, uso de fertilizantes, uso de energia, emissões de carbono, gerenciamento de água, saúde e segurança dos funcionários, que são exigidos de qualquer adega ou vinhedo em busca de acreditação. Reconhecida internacionalmente, a LIVE já validou 325 vinícolas, 37 adegas e um total de 7.926 hectares.

 

  • GREEN-E® ENERGY

 Reconhecida como líder mundial em certificação de energia limpa, a Green-e® Energy vem trabalhando desde 1997 com empresas que desejam reduzir o impacto ambiental de seu uso de eletricidade. Como? Ao investir em fontes de energia renováveis ilimitadas e gratuitas: sol, vento e água, para que os consumidores possam escolher produtos e serviços sustentáveis. Em 2021, a linha Gran Reserva da Concha y Toro conta com este atributo sustentável graças ao uso de energia renovável na produção de seus vinhos. Por exemplo, através da implementação de painéis solares em seus vinhedos.

 

  • EMPRESA B

 O Sistema B, criado em abril de 2012 na América Latina, é outra organização sem fins lucrativos que promove formas de organização econômica que podem ser medidas a partir do bem-estar das pessoas, das sociedades e do planeta Terra. Isto, simultaneamente e com considerações de curto e longo prazo. Uma das certificações que esta organização entrega às empresas em todas as áreas (não apenas do setor vitivinícola) é a de Empresa B, garantindo um compromisso com a melhoria contínua e um propósito empresarial socioambiental no coração do modelo de negócio de uma empresa. No último mês de abril, a Viña Concha y Toro se converteu na maior empresa vitícola a aderir a este movimento global, graças ao trabalho contínuo e colaborativo em diferentes âmbitos ambientais, sociais e de governança, desde 2011. Ao longo deste caminho, a empresa, por exemplo, tornou-se a primeira vinícola do mundo a começar a medir sua pegada hídrica 10 anos atrás, que hoje é 50% menor do que a média da indústria vitivinícola global.

 

  • VINHO BIODINÂMICO

 Embora nem todos os vinhos biodinâmicos sejam automaticamente sustentáveis, não há dúvida de que esta agricultura holística, criada em 1924 pelo filósofo austríaco Rudolph Steiner, garante que os padrões de sua produção são ecológicos. Mas, o que é a agricultura biodinâmica? É aquela que entende que tudo no universo -plantas, animais e seres humanos- está interligado com a Terra e o cosmos. Assim, quando os seres humanos trabalham a terra ou os animais, devolvem mais do que retiram.

A única certificação biodinâmica existente atualmente é dada pela Demeter, reconhecida em mais de 50 países, a qual garante (sob padrões estritos no caso da viticultura) que as uvas utilizadas na produção de vinhos biodinâmicos, por exemplo, são orgânicas e colhidas de acordo com o calendário lunar, que 10% da área do vinhedo é reservada para a biodiversidade, que o uso de pesticidas e herbicidas sintéticos é evitado e que inclui animais para o trabalho no vinhedo (como patos e gansos para o controle de ervas daninhas e como substituto dos herbicidas). Como resultado, os vinhos biodinâmicos possuem certificação dupla (pois primeiro devem ser orgânicos), o que os torna vinhos mais ecológicos e éticos e que se reflete em seu caráter.

  • FAIR TRADE (Comércio Justo)

 Outra certificação utilizada na indústria do vinho com uma abordagem integral da sustentabilidade é o Fair Trade. A compra de um vinho com este selo garante que as adegas proporcionam aos trabalhadores salários dignos e condições de trabalho seguras. Ao mesmo tempo, pagam um preço justo aos viticultores, suficiente para cobrir o custo da viticultura sustentável, enquanto investem na comunidade por meio de serviços essenciais, como educação, saúde e saneamento. Particularmente importante em regiões produtoras de vinho como a África do Sul e a América do Sul, cujos sistemas econômicos, sociais e políticos são mais instáveis, o Fair Trade visa garantir que vinhos de qualidade também façam a diferença na vida das pessoas.