Concha y Toro

Francisca Jara 06/05/2022

Tudo sobre vinho

O lado mais doce do Sauvignon Blanc

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A maioria dos Sauvignon Blanc disponíveis no mercado se caracterizam por serem vinhos crocantes, isto é, secos e com acidez pronunciada. No entanto, isto não significa que não existam versões mais doces. De fato, dependendo do terroir, da época da colheita e do tipo de vinificação, o Sauvignon Blanc pode oferecer uma grande escala de dulçor.

Proveniente da região de Bordeaux, na França, esta popular casta branca tem aromas e sabores que dependem diretamente do lugar de origem. Eles podem variar de notas minerais a herbáceas até frutas cítricas e tropicais, ao mesmo tempo que a colheita também desempenha seu papel. Se as uvas são colhidas mais cedo ou em climas mais frescos, sua nota herbácea característica (conferida pelas pirazinas) será mais evidente, enquanto que se são colhidas mais tarde ou cultivadas em climas quentes, as pirazinas serão ocultadas pelos sabores de fruta madura. E em seguida, aquilo que o enólogo fizer na adega também incidirá no resultado final. Se durante a fermentação as leveduras transformarem todo o açúcar do vinho em álcool, o Sauvignon Blanc será um vinho seco. Mas se durante a fermentação o enólogo decidir deixar um pouco de açúcar residual, geralmente para contrabalancear uma acidez muito pronunciada, o vinho será ligeiramente doce.

Mas desta vez não falaremos sobre escalas intermediárias, e sim sobre o lado mais doce do Sauvignon Blanc, aquele que se consegue obter graças à colheita tardia das uvas, conhecido como Late Harvest.

 

A colheita tardia

Os vinhos doces elaborados segundo o método da colheita tardia são feitos com uvas supermaduras que apresentam um alto teor de açúcar, pois foram deixadas na parreira por muito mais tempo. Geralmente, este período pode ser entre um e dois meses e meio após o período de colheita habitual, quando também chega na parreira a Botrytis. Este é um fungo que mata as leveduras, intensificando os níveis de açúcar e transformando as uvas em passas com sabores complexos, um processo que também é conhecido como podridão nobre. “Após a podridão nobre, o Sauvignon Blanc tem uma expressão de fruta diferente. É fruta mais madura que um Sauvignon tradicional, com ausência das notas herbáceas ou cítricas apresentadas normalmente pela fruta, com muito mel, uma nota de papaia e de frutas mais mediterrâneas”, explica Héctor Urzúa, o enólogo por trás do Concha y Toro Late Harvest e do Concha y Toro Late Harvest Rosé. Ambos os vinhos são elaborados principalmente à base de Sauvignon Blanc, e se diferenciam por serem dois vinhos com estilos muito diferentes.

O Concha y Toro Late Harvest 2017 tem, ainda, uma porcentagem pequena de Gewürztraminer e Riesling “que confere ao corte esta cor amarelo-dourado muito bonita e que envelhece de uma maneira muito nobre com notas bem complexas”, acrescenta Urzúa.

Já o Concha y Toro Late Harvest Rosé possui um pouco de Riesling e muito pouco de Syrah. “Para o Late Harvest rosé tentamos selecionar os lotes de Sauvignon Blanc mais frescos, para fazer um vinho que tivesse um pouco menos de açúcar natural na uva e nos vinhos. A nota rosada é conferida por alguns lotes de Syrah. Vamos por um estilo um pouco mais fresco que o do Late Harvest tradicional”, diz Urzúa.

 

As uvas, a maioria provenientes do vale do Maule, são colhidas manualmente e crescem em uma região privilegiada de Pencahue. “É uma região privilegiada para vinhos com podridão nobre porque como é uma região quente, as uvas acumulam muito açúcar, mas com a neblina matinal a podridão nobre chega lentamente, sem ter contaminação de outros fungos e permitindo esta complexidade na uva”, afirma o enólogo.

Graças à complexidade que a podridão nobre confere e à combinação destas variedades, nenhum destes Late Harvest tem maturação em madeira, pois priorizam a expressão frutada. “Não estamos buscando a complexidade através da madeira, e sim através da combinação de variedades. É um estilo mais puro tentando buscar uma expressão mais nobre daquilo que é esta região e a característica que estas uvas levemente botritizadas têm”, finaliza Urzúa.

Quando se trata de harmonização, é primordial que o vinho seja mais doce que a comida. Ambos os vinhos são ideais para acompanhar sobremesas (ou, por que não, também substitui-las), queijos maturados ou frutas com creme.

Não esqueça de servi-los frios.

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