O que faz com que um vinho seja complexo? Por acaso é um atributo apenas de vinhos de excelente qualidade? Devem ser degustados exclusivamente por pessoas experientes? Aqui vamos responder a essas e a outras perguntas.
Numa linguagem simples, dizemos que um vinho é complexo quando apresenta múltiplas camadas de aromas e sabores. Ou seja, novos aromas surgem cada vez que levamos o nariz até a taça.
Tecnicamente, a complexidade está presente quando, em um vinho, podemos perceber aromas primários, secundários e terciários, muito variados e bem definidos, capazes de nos dar uma ideia sobre os processos de vinificação e maturação de um vinho.
Os aromas primários são aqueles provenientes da uva e do vinhedo; os secundários possuem relação com o processo de elaboração, ou seja, com a fermentação, com técnicas nas quais há contato com as borras ou a batonagem; e os terciários, com a maturação na barrica e na garrafa. É por isso que, em um vinho complexo, podemos encontrar diversos matizes de aromas de frutas, flores, especiarias, madeira e tostados.
Como saber se um vinho é complexo?
Como já explicamos, os vinhos complexos podem sofrer transformações entre a garrafa e a taça, em questão de segundos. É comum que aromas primários de fruta rapidamente evoluam para notas terciárias de baunilha entregues pela madeira e, em seguida, para notas secundárias de violeta. Por esse motivo, narizes treinados possuem maior probabilidade de identificar e apreciar uma experiência como essa, o que não significa que um bebedor novato não conseguiria. Pode sim ser um pouco confuso porque os vinhos complexos estão constantemente surpreendendo e provocando sensações diversas em quem os bebe. São vinhos com os quais é impossível ficar entediado! E identificá-los exige um pouco de prática.
Geralmente, a complexidade também está associada a vinhos robustos, poderosos e com textura. Porém, acima de tudo, ao equilíbrio. Em outras palavras, que sua acidez, açúcar e taninos não competem uns com os outros. Os vinhos complexos são redondos e amplos na boca, uma vez que ativam todas as nossas papilas gustativas para identificar esse leque de sabores. Um vinho complexo pode ser sentido em toda a boca.
O que confere complexidade a um vinho?
A complexidade aromática é algo que geralmente se desenvolve com o tempo, motivo pelo qual é comum que vinhos mais complexos sejam aqueles que passam por uma etapa de maturação importante em barrica. É o que ocorre com um dos melhores Carménères do Chile, o Carmín de Peumo, cuja maturação de 15 meses nas barricas de carvalho influencia sua complexidade e os distintivos matizes do terroir de Peumo. Por outro lado, no caso dos vinhos brancos como o Amelia Chardonnay, cuja maturação é de 12 meses em barricas de carvalho, múltiplas camadas de aromas de flores brancas e peras, além de notas minerais e, principalmente, de pederneira podem ser distinguidas. Nesse caso, o excepcional terroir e a fermentação em barricas também são os responsáveis por sua complexidade.
Outro fator que traz complexidade aos vinhos pode ser a mistura de safras em uma mesma garrafa. Levando em consideração que a cada ano as características climáticas são diferentes, um enólogo pode utilizar esse fator a seu favor, unindo diferentes sabores para construir um vinho mais complexo. É o que acontece, por exemplo, com alguns vinhos espumantes.
Normalmente, vinhos de melhor qualidade são mais complexos, já que essa é uma característica quase impossível de ser encontrada em vinhos simples. Se o que você quer é experimentar vinhos complexos e interessantes, não pode deixar de provar o Gravas Syrah ou o Marques de Casa Concha Cabernet Sauvignon.