Concha y Toro

Maria Suarez Lago 03/05/2021

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Marcio Ramírez, vinte safras na terra do Carménère

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A experiência de Marcio em Peumo, sua paixão pelo universo do vinho e pelo terroir e muito mais, neste artigo.

No dia 1o de janeiro de 1997 Ramírez iniciou sua longa trajetória na Concha y Toro. Primeiro foi em San Felipe, em uma adega satélite. Em seguida trabalhou na adega do vinho Don Melchor. Até que em 2001 lhe encarregaram a adega do Casillero del Diablo, em Peumo. Isso marcaria um antes e depois em sua carreira como enólogo.

Conheça mais sobre ele!

 

1- O que despertou a sua paixão pelo universo do vinho?

 Quando eu estava na universidade estudando Agronomia, o curso de Enologia abriu novamente na Universidad de Chile e lembro que isso chamou muito a minha atenção. Primeiro, porque é um curso que tem muito a ver com a química, que eu gostava muito, mas também porque não implica estar fechado dentro de um laboratório o dia inteiro, e sim uma necessidade de estar em contato permanente com a natureza, andando pelos vinhedos.

Isso me fez sentir que eu poderia gostar muito e que cumpriria com minhas expectativas, e de fato foi assim!

 

2- Você tem alguma lembrança especial relacionada ao vinho?

Na verdade não é uma lembrança em si, mas é algo que sempre chamou muito a minha atenção…

Eu nasci muito perto da adega e dos vinhedos de Puente Alto, da Concha y Toro. Morei lá até os sete anos, sem ter ideia. Depois, me mudei para outra casa, de onde eu olhava todos os dias a adega de Pirque e perguntava ao meu pai o que eram aquelas coisas brancas que víamos do outro lado do rio. No princípio meu pai não sabia, e depois ficamos sabendo que era a adega da Concha y Toro.

Sempre, sem saber e sem ter intenção, houve essa proximidade com a Concha y Toro.

 

3- Qual foi a sua vindima preferida?

Considerando as vindimas mais atuais, é sem dúvida a de 2018. Foi incrível porque foi uma vindima que foi se dando sozinha, não foi preciso fazer muitas coisas; desde o início os vinhos se mostraram espetaculares.

 

4- Como você evoluiu como enólogo nestes 20 anos?

Minha evolução como enólogo é muito bonita. Comecei com Enrique Tirado, trabalhando no Don Melchor, buscando a qualidade no extraordinário terroir de Puente Alto, que é tão espetacular para a uva, para então chegar a Peumo para fazer parte da adega do Casillero del Diablo.

Trabalhar com Marcelo Papa e Héctor Urzúa nesses blends maravilhosos do Casillero del Diablo, onde é preciso uma constância ano após ano, onde existe a responsabilidade de ser um vinho comercializado em muitos países, fez com que eu tenha que ser prático e direto e que sempre me empenhe para que os vinhos que eu elaboro sejam algo que as pessoas queiram tomar e desfrutem.

Definitivamente, que eu sempre procure a excelência mas, ao mesmo tempo, a praticidade, e venho tentando refletir isso nos Carménère que fazemos aqui em Peumo, tanto na linha Marqués de Casa Concha quanto nas linhas Terrunyo, Gran Reserva Serie Riberas e Carmín de Peumo.

 

5- Como você chegou a se tornar o “Mr. Carménère”, e o que isso significa exatamente?

É uma anedota muito simpática. Quem me deu esse apelido foi Pablo Pressac (no momento Wine Ambassador, Exportações Corporativas da Concha y Toro).

Ele estava com um grupo de clientes da Ásia e tinha que lhes explicar que eu fazia o Casillero del Diablo Carménère, o Marqués Carménère, o Terrunyo e o Carmín de Peumo. Então, para explicar melhor, ele disse: “Aqui eu deixo vocês com o Mr. Carménère”, e a realidade é que é verdade.

Tenho o privilégio e o orgulho de ter que fazer todos os Carménère da companhia, porque sentimos que Peumo é o terroir do Carménère. Para nós não tem outro lugar que produza os Carménère que nós somos capazes de produzir. Por isso, todos ou quase todos são produzidos aqui.

 

6- Qual é o seu vinhedo preferido?

Meu vinhedo favorito é Peumo, porque dentro desse grande vinhedo podemos fazer um Gran Reserva Serie Riberas, um Marqués de Casa Concha, um Terrunyo, um Carmín de Peumo, e são vinhos completamente diferentes. Eles têm um fio condutor, aquele Carménère gostoso que as pessoas gostam de tomar, mas cada um tem uma identidade diferente. Porque cada lote, cada setor aqui tem sua própria personalidade e se expressa de uma maneira diferente.

 

7- Que função as redes sociais desempenham na hora de apresentar o seu trabalho?

 As redes sociais têm sido um facilitador para mostrar que nós, independentemente da escala gigante que a vinícola tem, trabalhamos como uma adega pequena, onde cada lote, cada coisa é primordial e vai sendo tratada de uma maneira especial e lhe dedicamos toda a atenção. Acredito que é fundamental ter esse contato com as pessoas, poder lhes mostrar os vinhos, e que elas deem um feedback para, então, irmos melhorando, adaptando e proporcionando coisas muito mais próximas. Além disso, quando as pessoas conhecem a cara da pessoa por trás do vinho, ele fica muito mais atrativo.

 

8- O que você diria às pessoas mais jovens para se motivarem a saber mais sobre o universo do vinho?

Que elas ousem! Acredito que o mais importante é ousar, provar, e se gostarem talvez de acompanhar tanto uma carne quanto um peixe com vinho tinto, não faz mal, não existem dogmas! A gente dá essas dicas de vinho branco para acompanhar peixes, vinhos tintos com a carne, mas existem muitos matizes.

E o que eu sempre digo, o melhor vinho é aquele que a gente gosta, não aquele que os outros dizem que é o melhor vinho. É aquele que, quando você prova, encontra algo mágico. É esta ideia que eu lhes transmitiria.

 

9- Na sua longa trajetória, o que você diria que é fundamental para triunfar no universo do vinho?

 A paixão. A paixão pelo vinho, pela parreira. Saber que, em realidade, o vinho não nasce na adega. O vinho nasce na parreira, no lugar onde ela está. Se você tem uma boa uva, um bom lugar, essa uva vai se transformar em um grande vinho.