Você já percebeu que o vinho e a música compartilham a qualidade de nos fazer sentir?
Este vínculo foi investigado por Adrian North, professor de Psicologia da Universidade de Heriot Watt, em Edimburgo. Em 2008, o pesquisador publicou os resultados de seu estudo, o qual demostrou que beber um vinho escutando música pode levar a uma alteração no sabor da bebida.
E a música não é apenas capaz de influenciar nossos estados de ânimo. Os diferentes tipos de música podem, além disso, afetar a percepção organoléptica (como percebemos os aromas e sabores) de um vinho.
Talvez você se pergunte como isso pode acontecer. Bem, no estudo a música foi classificada segundo seu estilo em: “potente e pesada”, “sutil e refinada”, “efervescente e refrescante” ou “melosa e suave”. Qualidades que também podem ser usadas para descrever o vinho. Em seguida, solicitou-se aos participantes que bebessem vinhos tintos e brancos escutando estes quatro estilos de música e, ao terminarem de beber, que descrevessem o vinho. “O que verificamos foi que as descrições do vinho tinham a tendência de refletir as características da música que estava sendo tocada ao fundo”, comentou North.
Assim, este estudo concluiu que o Cabernet Sauvignon, por exemplo, é a variedade mais apropriada para escutar rock, enquanto para um Syrah o mais interessante é bebê-lo com uma ópera de fundo. Que tal fazer esse teste? É uma boa desculpa para provar vinhos com uma finalidade diferente e viver uma experiência nova. Caso precise de uma recomendação, convidamos você a fazer o teste degustando uma taça de Gravas del Maipo Cabernet Sauvignon ou de Casillero del Diablo Shiraz. Dois excelentes exemplares destas variedades.
Mas o estudo da relação entre a música e o vinho foi além. Considerando que vinho e música são vibrações que nosso corpo percebe, o professor de Psicologia Experimental da Universidade de Oxford, Charles Spence, também estudou por anos a relação entre som e sabor. Foi assim que chegou à conclusão de que as pessoas podem obter 15 % mais de satisfação com seus vinhos se bebem e escutam simultaneamente o tipo de música adequado. Ou seja, se a relação entre vinho e música é a correta, a experiência pode ter a sensação de prazer multiplicada.
E você? Já teve boas experiências com combinações particulares de música e vinho? Este estudo recomenda harmonizar vinhos doces como um Late Harvest Rosé 2019 com músicas de tempo lento e tom alto, porém suaves. Idealmente o piano. Enquanto para vinhos com notas de baunilha como o Casillero del Diablo Chardonnay o melhor é escutar músicas de timbre suave, ritmo uniforme e tempo lento.
Esta pesquisa também incluiu outras descobertas interessantes. Por exemplo, que a música lenta pode favorecer a persistência dos aromas por mais tempo na boca. Por outro lado, esta persistência seria menor com uma música mais rápida. Ou que quanto mais você se diverte com a música que escuta, mais apreciará o vinho que estiver bebendo. Um efeito associado com a transferência de sensações.
No entanto, a relação entre o vinho e a música não foi apenas estudada quanto a seus efeitos sobre os humanos. Também foram analisados seus efeitos sobre o próprio vinho.
Na elaboração dos vinhos biodinâmicos, uma prática muito comum é os enólogos colocarem música na sala de guarda dos barris, onde o vinho é armazenado. Isso porque se acredita que a vibração e a frequência da música são capazes de melhorar a qualidade do vinho, especialmente em seu processo de guarda. Como as ondas eletromagnéticas ou hertzianas podem ser transportadas em qualquer meio, estas seriam capazes de afetar as moléculas do vinho dentro do barril. Desta forma, hoje em dia é possível escutar música nas salas de guarda dos barris do mundo todo.
Agora você já sabe. Na próxima vez que quiser tomar uma taça, a escolha da música poderia ser tão importante quanto a do vinho.