Concha y Toro

Concha y Toro 29/10/2020

Tudo sobre vinho

A arte do assemblage

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Misturar vinhos para melhorá-los ou complementá-los é o que conhecemos como assemblage. Este processo pode ser feito de diferentes formas e, por isso, requer o trabalho de um especialista. Talvez você ainda não saiba, mas a maioria dos vinhos é um blend. É o que explicaremos a seguir.

Apesar de estarmos acostumados a encontrar blends de diferentes variedades, a verdade é que os assemblages também podem variar conforme a decisão do enólogo. É possível misturar vinhos da mesma variedade de uva, mostos antes de serem fermentados, vinhos de diferentes vinhedos, de regiões diferentes e, inclusive, de diferentes safras (como é o caso do famoso Champagne). Tudo depende do objetivo. Um deles pode ser complementar a qualidade do vinho e deixá-lo mais complexo, ou seja, tornar o vinho final muito melhor que as partes individuais que o compõem. E o outro objetivo é unificar e dar constância pois, como as uvas mudam de um ano para outro conforme as condições meteorológicas, a ideia é que, independentemente da safra, o vinho tenha um sabor similar todos os anos.

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Este processo pode parecer fácil, mas não é. De fato, antes de determinar a “receita final” são necessárias diversas análises de acidez, pH e açúcar, além de vários testes. É parecido com o que um cozinheiro faz após ter escolhido seus ingredientes e condimentos para elaborar um prato. Esta é uma arte que os enólogos conseguem dominar após anos de experiência. Por isso, as vinícolas podem envolver assessores externos na elaboração dos assemblages.

Às vezes os vinhos varietais são uma combinação de uvas da mesma cepa provenientes de diferentes vinhedos. Mas aqui estamos nos referindo aos assemblages (ou vinhos de corte), que são vinhos que misturam pelo menos duas variedades de uvas diferentes, onde cada uva confere um atributo especial que se combina para formar um vinho redondo e agradável de beber, com personalidade e complexidade.

Os assemblages mais comuns

A forte influência da técnica e da experiência vitícola francesa tem marcado o estilo dos vinhos a nível mundial. Um caso concreto e que se repete muito são os blends tintos bordaleses, que costumam combinar um vinho à base de Cabernet Sauvignon, Merlot ou Cabernet Franc com um pouco de Malbec, Petit Verdot ou, às vezes, Carménère.

Enquanto o Cabernet Sauvignon oferece um vinho robusto, prolongado, com notas de pimenta e frutas pretas, o Merlot é percebido no meio do paladar, com mais frutas vermelhas. Já o Cabernet Franc oferece taninos no começo, desvanecendo-se em notas herbáceas e frutas vermelhas suculentas. Assim, o enólogo decidirá quais cepas utilizar e, então, como complementá-las. Por exemplo, o Malbec confere frutas pretas que realçam o perfil frutado de um Cabernet, e o Petit Verdot proporciona acidez e taninos firmes.

Também podem ser utilizadas outras variedades. É o caso do Trio Reserva Cabernet Sauvignon 2018, um blend de Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e uma baixa porcentagem de Syrah (5%), que confere ao vinho final notas de especiarias, maqui e amora. O Trio Reserva Merlot 2018, no entanto, combina quase que em partes iguais Merlot com Carménère e um toque de Syrah (3%), resultando em um vinho com intensa fruta preta como mirtilo, de taninos suaves e acidez equilibrada.

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Outros blends tintos populares a nível mundial são os Côtes-du-Rhône (ou GSM, devido às iniciais das variedades Grenache, Syrah e Mouvèdre), os Supertoscanos (blend de Sangiovese com Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Merlot), e os assemblages bordaleses brancos (de Sauvignon Blanc, Sémillon e Sauvignon Gris ou Muscadelle).

Os vinhos Jerez, por exemplo, utilizam um complicado sistema de misturas fracionadas que são acrescentadas a barris, e cujo resultado final é um vinho que combina muitas safras que remontam a décadas ou séculos.

Na Argentina, o famoso Malbec costuma ser combinado com Cabernet Sauvignon para formar um vinho mais completo e complexo.

No Chile, o vinho Marqués de Casa Concha Chardonnay Edición Limitada combina 20% de Chardonnay envelhecido em barris novos e 80% envelhecido em barris de segundo uso, para a madeira não ocultar os sabores e aromas do vinho final.

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Como você pode ver, as possibilidades são quase infinitas; tudo depende do que o enólogo quer obter. E ele geralmente realizará diferentes combinações que permanecerão em repouso um tempo antes de serem reavaliadas e de ele definir o blend final. Quando este tiver sido definido, os vinhos individuais provenientes dos barris serão combinados em um tanque de mistura e, em seguida, o blend pode passar por uma etapa adicional de envelhecimento antes de ser engarrafado.