Em poucas palavras, o corpo do vinho é a forma como sentimos a bebida dentro da boca. Um exercício para entender isso é pensar em como você sente no paladar o leite desnatado em comparação com o leite integral. Claramente existe uma diferença relacionada ao seu teor de gordura, que lhe confere maior ou menor densidade. No caso do vinho é algo similar; no entanto, é determinado por outros fatores.
A quantidade de açúcar, álcool, acidez e taninos de um vinho são os elementos que lhe conferem estrutura. E estes, por sua vez, contribuem para o seu corpo. Assim, os vinhos podem ter uma densidade menor ou maior.
No mundo do vinho há três categorias para determinar e classificar o corpo de um vinho: ele pode ser de corpo leve, corpo médio ou encorpado. O vinho de corpo leve é aquele que sentimos mais leve e menos viscoso na boca, e o encorpado é o que cobre todos os cantinhos do paladar e é mais viscoso.
Para entender melhor, explicamos aqui individualmente como estes fatores influenciam. Assim, na próxima vez que você for escolher um vinho, terá mais e melhores informações para encontrar o que estiver procurando.
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Álcool
Quanto mais álcool tiver um vinho, maior será a sensação de calor e de densidade no paladar. Para você ter uma ideia, os vinhos com um teor alcoólico acima de 14% geralmente são encorpados. Tire a prova você mesmo com o Carmín de Peumo 2017, um Carménère delicioso e equilibrado que preenche a boca com seus taninos maduros e que, ao mesmo tempo, possui um teor alcoólico de 14,5%, enquanto que aqueles com um teor abaixo de 12,5% geralmente são associados a vinhos de corpo leve.
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Taninos
Como estávamos contando, os taninos também influenciam o corpo. Caso você não lembre, são o elemento que confere adstringência e amargor aos vinhos, e estão presentes nas sementes e na casca da uva –apesar de algumas cepas terem muito poucos taninos, principalmente as brancas, enquanto que nos tintos há uma ampla gama. O Casillero del Diablo Cabernet Sauvignon, por exemplo, é um vinho muito mais tânico e de corpo robusto, comparado ao Amelia Pinot Noir, que naturalmente tem baixo teor de taninos (e por consequência é um vinho muito leve e de cor mais pálida).
Mas os taninos também estão presentes na madeira; por isso, os vinhos com maturação em barril geralmente são encorpados. E aqui é interessante o caso do Chardonnay porque, apesar de ser uma cepa branca naturalmente com poucos taninos, costuma ser fermentada e envelhecida em barril, de modo que o contato com a madeira a transforma em um dos vinhos brancos de mais corpo. Convido você a fazer o teste tomando uma taça de Amelia Chardonnay e sentindo o seu peso na boca.
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Acidez
Você já percebeu que aqueles vinhos que fazem você salivar são mais ácidos? É o que acontece cada vez que tomamos uma taça de um vinho de corpo leve como, por exemplo, o Terrunyo Sauvignon Blanc. Por outro lado, quando tomamos vinhos com baixa acidez, sentimos que seu corpo é muito mais redondo ou que ele é muito mais encorpado.
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Açúcar
E, por último, há um fator raramente indicado nos rótulos dos vinhos. Estamos falando do açúcar residual. Talvez você se pergunte o que é isso. Bom, é a quantidade de açúcar que não fermentou (para produzir álcool) e que fica no vinho. Quando se diz que um vinho é seco, quer dizer que ele possui baixo teor de açúcar residual, enquanto que um vinho suave terá um alto teor de açúcar residual.
Além disso, quanto maior for o teor de açúcar, maior será a sensação de densidade do vinho na boca, isto é, ele terá mais corpo.